segunda-feira, 31 de agosto de 2009














Pauta: cobertura da visita do presidente Lula a Itajaí.


Quinta-feira, 25 de junho. Ao voltar de uma das pautas do dia, recebo mais uma das inúmeras ligações da redação. Desta vez com pedido para que levasse uma foto 3x4, com o número do registro profissional. Os pedidos tinham a ver com o cadastramento à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Itajaí, onde assinaria a nova lei da pesca e lançaria o ministério correspondente.

O presidente já havia realizado algumas visitas ao estado desde que estou no jornal, mas ora por falta de documento ora pelo horário das visitas, nunca pude ser escalado para a cobertura. Nesta ocasião está tudo certo, o horário, o registro e até a foto 3x4 que, por “sorte”, ainda tinha duas na carteira. O único problema era que o credenciamento deveria ter sido feito no dia anterior, já que a solenidade seria na sexta-feira (26/6).

A chefe de reportagem define a equipe e o horário. O motorista escalado é Vilmar, tem mais de vinte anos de carreira e conhecimento de fazer inveja a muito aspirante a jornalista. Ele é conhecido por ter um certo mau humor “bem humorado”. Pouco depois das 8h da manhã, já percorremos parte dos 90 quilômetros da estrada que nos leva a Itajaí. Temos que chegar cedo para pegar as credenciais, devido ao atraso de quinta-feira. Ao chegarmos à cidade nos impressionamos com o trânsito, e com um pouco de dificuldade chegamos ao local onde Lula discursará. A solenidade irá ocorrer no centro de eventos de Itajaí, onde ocorre a principal festa tradicional da região, a Marejada.

Centenas de pessoas entre políticos, simpatizantes e manifestantes esperam a chegada de Lula, e de “quebra” atrapalham nossa entrada. Cutucões, trombadas e minha câmera serve para que possamos passar direto pela fila. Após o credenciamento volto ao meio da multidão, agora para registrar a manifestação dos sindicalistas e estudantes de jornalismo junto com os funcionários do INSS. Com nariz de palhaço, cartazes na mão e corneta aos pulmões, componho a manifestação com planos abertos e médios. Faço algumas “chapas” e volto para o pavilhão, aproveito o atraso do presidente para estudar o local do evento.

O lugar destinado à imprensa como sempre é limitado e distante do palanque onde ocorrerá a assinatura. Os repórteres de imagem ficam posicionados todos acima de um tablado. Prefiro fazer as fotos da chegada aos olhos do público geral. Subo numa cadeira e com a 70-200mm 2:8 em mãos, enquadro em primeiro plano os aplausos, câmeras fotográficas e celulares em meio às bandeirinhas, e em segundo os representantes políticos. Posteriormente aos acenos e sorrisos distribuídos ao vento, subo a área destinada à fotografia, muno a minha modesta D80 com a 150-500mm 5-6:3 e como um praticante de apnéia prendo a respiração para dar firmeza ao corpo, já que a velocidade em relação à distancia focal usada é baixa.

Com os olhos atentos, toda expressão ou reação de Lula gerava uma foto. Depois de algum tempo e com o braço cansado consigo me ajeitar e apoiar a câmera junto ao parapeito. E como a posição é bastante cômoda faço o restante do evento neste mesmo local.

Às 13h e todos com a barriga “roncando” de fome, fomos procurar um bom “espeto corrido” na BR para almoçar. Após alguns quilômetros não conseguimos achar algo decente, onde pudéssemos comer sem medo de ter uma infecção alimentar. Encontramos um local que aparentemente estaria de bom tamanho, entro lavo as mãos e vou fazer meu prato. Chego à mesa e sou recebido (assim como um cumprimento) com principal bordão do Vilmar: “Eã, muito ruim, hein,“vem pra churrascaria e enche o prato de polenta. Tu não tem jeito mesmo”. Sem ter o que falar já que adoro uma polenta frita, dou algumas risadas enquanto termino o almoço.

Todo jornalista espera que renda capa ou ao menos uma boa edição quando possui um bom material nas mãos. Neste caso até rendeu! Só que no concorrente, que destacou o assunto em duas páginas cor, enquanto nós demos meia P&B. Não me pergunte como isso acontece porque isso nem Freud explica.