quarta-feira, 22 de julho de 2009

A casa do abandono.








Casario Hercílio Luz

Esta pauta começa muito antes desse dia. Ela surge devido à queda de outra. Há quase um mês, quando eu e o repórter Damião pensávamos em outra pauta que pudéssemos realizar sem muita demora na apuração. Com vista para a Baía Sul trocamos algumas idéias, até que Damião sugere a pauta sobre o museu de armamento histórico de Florianópolis. Antes de entrarmos no carro comento sobre um casarão antigo que há tempos eu observava, seu abandono, e que já faz parte da paisagem de quem passeia pela praça do “banco redondo” ou simplesmente transita pela Avenida Mauro Ramos. A princípio a sugestão não teria muita relevância já que existem vários edifícios históricos nestas mesmas condições, a não ser pelo fato de o prédio ser a antiga residência do ex-governador Hercílio Luz. Damião aprecia a idéia, mas a deixamos para outro momento e seguimos com a pauta do museu.
Manhã nublada de quinta-feira. Sou pautado novamente para sair com Damião. Já fazem quase três semanas que pensamos na tal pauta do casarão. Para minha surpresa, Damião comenta que, no dia anterior, o colunista Cacau Menezes teria dado a nota sobre a antiga casa de Hercílio Luz. Perdemos a exclusividade da matéria. Como diz Damião, “isso é a Lei de Murphy”. Não podemos demorar para começar a apurar a pauta quando a temos na mão, comentou.
A antiga casa do ex-governador é rodeada por novas construções e terrenos abandonados, parece ser engolida pela nova Florianópolis. Seu acesso se dá pela entrada de uma oficina mecânica, e o quintal é cercado por grades com placas indicando corrente elétrica (pura blefe). Ao chegarmos começo a fotografar detalhes do descaso paredes ruindo, vidros quebrados e o mato, que já chega a 1 metro de altura. A condição de luz é ruim, o dia nublado faz com que não haja áreas bem iluminadas. Como não haveria a possibilidade de ter “gente” na foto tento variar o enquadramento, faço certa ginástica para enquadrar o aviso de rede elétrica com as ruínas da casa. A placa dá cor à imagem, traduz a preocupação pelo terreno (privado), e mostra o descaso com a história. Com o trabalho já praticamente finalizado faço os últimos registros, agora optando por uma técnica já utilizada em tempos de “analógica”. Uso a sobre-exposição de duas imagens, uma totalmente subexposta e outra com meio ponto a mais na fotometria. A intenção era dar mais dramaticidade à imagem através de fortes contornos.

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